A
obesidade tem assumido proporções alarmantes no mundo
todo, incluindo o Brasil. Trata-se de uma doença multifatorial,
dependente de fatores: genéticos, culturais, comportamentais/emocionais,
sociais, tecnológicos e outros desconhecidos. A genética
é fator inerente ao indivíduo e seus pormenores ainda
não estão totalmente definidos. Culturalmente, a obesidade
está ligada erroneamente a saúde, sendo que alguns
países consideravam o indivíduo magro não saudável.
Nos dias de hoje, popularmente a obesidade ainda não é
considerada uma doença, embora esta afirmativa já
esteja consolidada em toda a comunidade científica.
Do ponto de vista emocional, a ingesta
de alimentos está intimamente ligada com algumas emoções
como tristeza, solidão, insônia e até felicidade.
Socialmente estamos amparados em comemorações sempre
atreladas a comida e a bebida, e infelizmente, somente a produtos
altamente calóricos. Costumo sempre dizer que não
conheço uma pessoa sequer que convidou os amigos para uma
“alfaçada” na sua casa.
A tecnologia, a cada dia que passa, nos
fornece elementos que nos faz gastar menos energia: controles remotos
em todos os aparelhos, telefone sem fio, automóveis para
ir até a esquina, elevadores, escadas e esteiras rolantes,
vidros elétricos, direções hidráulicas.
Temos automóveis em que não precisamos nem aumentar
o volume do rádio quando aumentamos a velocidade.
Existem ainda vários outros fatores que contribuem para a
obesidade desconhecidos ou ainda não totalmente elucidados,
visto que ainda não conhecemos um tratamento para a obesidade
que tenha 100% de eficácia.
Porém, mesmo depois de todos estes
fatores relatados, podemos simplificar a obesidade numa simples
conta: a diferença entre o quanto ingerimos de calorias e
o quanto gastamos. Outro fator importante é considerar que
a obesidade é uma doença crônica como a hipertensão
arterial e o diabetes melitus, e por isso deve ser tratada como
tal. Portanto, o tratamento deve ser focado numa abordagem para
toda a vida do paciente. O primeiro fator a ser investigado no paciente
obeso é a motivação do mesmo para perder peso.
Pacientes desmotivados ou que simplesmente não querem perder
peso não terão resultados significativos com qualquer
tipo de tratamento, incluindo os mais radicais como as cirurgias
de redução do estômago.
Para
os pacientes que estão dispostos a perder peso, o tratamento
deve ser focado na ajuda para a mudança de hábitos
de vida, adaptado ao seu estilo de vida e suas necessidades. Neste
ponto, devemos entrar com o tratamento interdisciplinar, envolvendo,
no mínimo, clínico, nutricionista, psiquiatra e/ou
psicólogo. Outros profissionais podem também apoiar
como fisiterapeuta, professor de educação física,
terapeuta ocupacional entre outros.
O tratamento interdisciplinar enfoca o
paciente de uma maneira holística, fazendo não só
que o paciente emagreça, mas visa também sua saúde
orgânica e mental e sua qualidade de vida. Existem hoje inúmeros
“meios” para se perder peso: regime da lua, do tipo
sanguíneo, da sopa, dos carboidratos, da bolacha água
e sal, do limão, da água, spas, medicações,
balão intragástrico, banda gástrica, vários
tipos de cirurgia e vários outros.
Mas qual método realmente funciona?
Respondo com facilidade: nenhum e todos. Qualquer método
funciona quando o paciente está preparado para mudar, para
a vida toda, seus hábitos de vida para uma alimentação
balanceada e saudável e praticar algum tipo de exercício.
É claro que estas mudanças não são fáceis
e por isso, o apoio da equipe interdisciplinar tem papel fundamental
no resultado, que engloba não só a perda de peso,
mas sim o mais importante, que é a manutenção
da perda de peso em longo prazo.
Dentre todos os métodos, gostaria de ressaltar o balão
intragástrico, que seria uma solução entre
os tratamentos menos invasivos, como dietas e medicações,
e os mais invasivos, como as cirurgias.
Acredito que o balão pode ter um
papel importante para a mudança de hábitos de vida
dos pacientes. Trata-se de um procedimento simples, realizado a
nível ambulatorial, semelhante a uma endoscopia digestiva,
não realizando qualquer corte ou mudança anatômica
no paciente. Uma prótese de silicone é introduzida
no estômago via endoscopia e insuflada com uma solução
aquosa, ocupando espaço na cavidade gástrica.
O balão intragástrico faz
com que o paciente ingira menor quantidade de alimentos e o obriga
a fazer esta ingesta mais devagar, fatores que todos os indivíduos
deveriam seguir. Além disso, proporciona uma sensação
de saciedade precoce. Estes fatores são fundamentais para
que ocorra mudança dos hábitos de vida e, se o paciente
realmente estiver pronto para a perda de peso, após a retirada
desta prótese, que deve ser realizada seis meses após
sua colocação, poderá manter esta perda de
peso por toda a vida, sem o risco tardio que as mudanças
ocasionadas pelas cirurgias mais agressivas apresentam.
Para as pessoas que realmente querem perder
peso, eis uma dica: ataque a obesidade de todas as maneiras e de
forma contínua. Para isso, conte com o apoio de uma equipe
interdisciplinar que possa te ajudar a encarar este desafio de uma
maneira tangível, facilitando todo o percurso e a sua manutenção.
Vamos buscar saúde e qualidade de vida!
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